Surrealista? Sim, com certeza. Nem sempre as coisas são perceptíveis com o intelecto, há coisas que se sentem, que se intuem. E a intuição é uma coisa boa em termos de conhecimento. Na vida quotidiana usamos a intuição constantemente.
(...)
Quando se olha para um quadro numa parede, há o artista que o pintou e há o espectador - e o quadro cumpre-se nesse círculo.
De cada vez que o espectador muda, ou de cada vez que algo muda no espectador, o círculo altera-se. É sempre o mesmo quadro, mas sempre um pouco diferente. Com os filmes é a mesma coisa. Os filmes levam-nos para um outro mundo, para uma outra realidade. Mas há muitas realidades. Há a realidade íntima das pessoas e há a realidade da superfície. O cinema pode mostrar todas elas.
Se os filmes tiverem uma realidade de superfície, a experiência que as pessoas têm deles será similar, mas se se forem tornando abstractos, as interpretações começam a multiplicar-se. O cinema pode ser abstracto e numa linguagem que entendemos muito mais do que dizemos entender.
David Lynch, Expresso Actual
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