Metade de mim sou eu
A outra metade se escondeu, se perdeu
Ou morreu
Amor e ódio acasalaram-se
O resultado desta catálise
É um mito de talvez e quase
Metade de mim sobreviveu
Metade de mim sucumbiu
Metade amou
Metade odiou
Se próton ou se elétron, não sei
E o que hjoe sou
O que me sobrou
Da inocência que se desvirginou
Sopra-me, basta-me, sufoca-me
Depois do todo que se partiu
Em metade achada e metade que não se perdeu
Em parte de novo se completou
E este novo eu já não sou eu
Leonino Sousa Santos, Metades
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4 comments:
muito bonito, sem dúvida. Interessante.
Faz lembrar aquele poema do Mário de Sá Carneiro "Eu não sou eu nem sou outro"
Gostei muito deste poema angustiado.
AS FACES
Hoje analisei-te ao espelho pela primeira vez na vida.
Espantado perante tão vaga ideia de mim mesmo;
sempre escondi as marés do medo numa arrogância inconsciente,
agora compreendo os cristais gastos que criei como protecção
(viver sem me importar, afastando-me de todos).
Sou apenas nem um minúsculo suspiro
ensanguentado pelo engano da criação,
ervilha hérculea pervertida, polinizada sob a crosta
fechada a lacre personalizado no envelope interior,
aprendendo a lidar com a própria caricatura
e respirar paz prespectivando o nada aerodinâmico.
Compreendo que aqui e assim não quero ficar
enfrentando sozinho os recantos obscuros da personalidade,
pânico e histeria apoderam-se (gostava de conseguir desistir)
dada a complexidade de amarras desta injusta condição designada humana,
que as disfuncionais Felicidade e Maturidade apodreçam
fugindo por sombras invisíveis, esperando ao virar da esquina
pela revelação que me acorde deste sonho incompleto e
me esfaqueie até à enseada temida Morte...
2002
IN FOTOSINTESE
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