Tuesday, June 26, 2007

Um must comunicacional - crimes e crianças

Sempre que há um crime que envolva crianças, esfregam-se as mãos nas redacções à espera de ver as audiências saltar. De um momento para o outro apaga-se toda a outra agenda, mobilizam-se todos os meios, despacham-se batalhões de jornalistas e carros de exteriores para os directos que vão abrir os telejornais. As luzes da ribalta brilham todas e não há pedra, digo pessoa, que não fique por virar, digo mostrar pelas câmaras. Lá vem o director do Abrigo Aboim Ascensão, os pedopsiquiatras, as assistentes sociais, os polícias reformados e no activo.
Como nos filmes americanos do género, basta ao criminoso ver a TV para saber todos os passos que estão a ser dados, ouvindo inclusive responsáveis policiais a digladiarem-se uns aos outros e a fazer revelações que deviam ser segredo da investigação.
Não vale a pena protestar. Acende-se a luzinha da câmara da TV e todos querem ser mestres e belas. Por fim, lá vem o "povo", pano de fundo dos sucessivos sobressaltos, com a Joana, com o bebé roubado na maternidade, com a "menina" violada pelo "companheiro" da mãe, mil e uma figuras de um cena que é muitas vezes macabra mas que se torna espectáculo de prime time. há uma certa obscenidade moderna neste voyeurismo que esquece prudência, respeito, discrição, silêncio. Pobres crianças!

José Pacheco Pereira, Sábado

2 comments:

Isabel José António said...

Cara Joana,

Quando as "shares" televisivas ou de jornais significam audiências e audiências significam possibilidades de se fazerem negócios, ou seja, facuração, tudo serve. É fartar vilanagem.

Chega-se ao cúmulo de uma notícia, absolutamente banal, comerçar um telejornal e andar por ali a "arrastar" mais de 15 ou 20 minutos, esticando a "corda" até dizer CHEGA!

É assim a "tirania" económica. Enquanto a humanidade andar "cega" com estes entretenimentos não pensa em outras coisas mais importantes. Se assim é, matam-se dois coelhos com uma cajadada: 1- Distraem-se as pessoas do que é essencial e 2-Aumenta-se o "share" e com isso os ganhos (leia-se lucros). Chorudos lucros, deve-se dizer.

Um abraço

José António

Anonymous said...

concordo.