Era uma vez um melro falante (...). Falava com voz de homem e empoleirava-se no ramito mais alto da floresta para dali pregar aos outros passarinhos.
Dizia-lhes para louvarem a Deus, para lhe agradecerem a terra, as árvores e o vento, as asas e o canto.
Dizia-lhes que se mostrassem gratos por cada grão de trigo e cada manhã de sol, pelo calor do ninho e a frescura da fonte.
Mas um dia pareceu ao melro falante que os gorjeios dos seus iguais não eram bastante claros para louvar a Deus e põs-se a ensinar-lhes a lígua dos homens, que ele próprio recebera como um dom. Por mais que abrissem os biquitos para piar não lhes saía bê nem bá nem tê nem tá, mê nem mi, nem vê nem vi. O melro falante vá de lhes chamar nomes, de estúpidos para baixo levaram uma roda de insultos, até que Deus lhe tirou o pio e lhe disse, a arrogância destrói o talento e agora nem bê nem bá nem tê nem tá, mê nem mi, nem vê nem vi. E me louvarás com voz de melro e todos os pássaros do mundo igualmente e cada um com a sua.
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1 comment:
brilhante. =)
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