Friday, October 27, 2006

O cansaço de todas as ilusões e de tudo que há nas ilusões - a perda delas, a inutilidade de as ter, o antecansaço de ter que as ter para perdê-las, a mágoa de as ter tido, a vergonha intelectual de as ter tido sabendo que teriam tal fim.
A consciência da inconsciência da vida é o mais antigo imposto à inteligência.

Fernando Pessoa

Wednesday, October 25, 2006



Cada dia te é dado uma só vez. (...) Mais tarde será tarde e já é tarde. O tempo apaga tudo menos este longo indelével rasto que o não-vivido deixa.

Friday, October 20, 2006

Nigga Poison: Lendas do underground rappam em crioulo. São Resistentes

Praga e Karlon são portugueses de origem cabo-verdiana que, através da língua franca do hip-hop, já levam uma dúzia de anos a tecer uma rede de adeptos nas galerias menos visíveis daquele universo sonoro. Uma rede que, graças às boas ligações entre comunidades originárias de Cabo Verde espalhadas pela Europa, permite que os Nigga Poison venham conquistando alguma reputação além-fronteiras ainda antes de sequer passar perto do nosso mainstream.
Resistentes, o seu primeiro álbum a valer, é um reflexo dessa propagação geográfica subliminar mas também o sinal que o estatuto dos Nigga Poison de segredo mantido entre o underground hip-hop está a terminar. Um dos convidados de Resistentes é o MC francês Less du Neuf, e é em França que Praga e Karlon têm adquirido alguma visibilidade.
Neste novo registo, os Nigga Poison sofisticam consideravelmente o seu som, sem perder as premissas duras mas dançáveis, o carácter e o propósito do que fizeram no passado.
O registo de estreia da dupla tomou a forma do EP Podia Ser "Mi", lançado em 2001 por conta própria. As cinco faixas do CD baralhavam calão hip-hop em inglês com o português e o crioulo, o ingrediente especial deste cozinhado. Os instrumentais soavam a loops rudimentares com tendência sombria, enquanto as rimas descreviam um percurso familiar de guerra-miséria-emigração-gueto-mais miséria-exclusão-droga. O que mais impressionava era a fluência das vozes, em especial de Praga, cujo tom anasalado a aproximava do que um computador arcaico imagina ser a cópia fiel de um flow de rap.
Os Nigga Poison eram cantores de intervenção extra-terrestres, e Podia ser "Mi" é tão incontornável para a história do hip-hop luso como Rapresálias Sangue Lágrimas Suor de Chullage, lançado poucos meses antes.
Cinco anos depois há Resistentes. Desta vez com diversos contributos exteriores - dos Terrakota a Xeg e aos DJs SAS e Lusitano. Tem singles naturais como "Fazes Parte Deste Mundo", que pisca o olho ao ragga, e "Nenhum Homi É Ka Perfeito", que mergulha a fundo no reggae. Se alguém disser que os Nigga Poison são do melhor que o nosso hip-hop já fabricou, não ofereçam resistência.

Thursday, October 19, 2006

=D


Nunca fiquei tão contente por fazerem um jantar sem mim!
=)

Monday, October 09, 2006

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Frio. Caminha pela rua em passo acelarado, de casaco fechado, com os punhos cerrados dentro dos bolsos e um espirito ausente. Sim, ausente. Um presença fria e distante. Numa outra realidade (a distante) não tinha frio, nem casaco fechado e, muito menos, punho cerrados dentro dos bolsos. Nessa outra realidade não tinha um espirito ausente nem uma presença fria.
Quando fexa a porta atrás de si já regressou. Sente o calor (o calor em demasia, diga-se) e a vontade de se deixar cair e levar para outra realidade, distante. É um ritual, de olhos semi-cerrados faz tudo o que tem de fazer, e pronta para viajar esquece tudo o que existe, esquece tudo o que é vida e, por umas horas, é livre. Inteiramente livre.


Aqui não tenho acesso aos canais portugueses, só pela net mas, das poucas vezes que os visito, raramente tenho paciencia para prestar grande atenção.
Gostava de ter tado nessa corrida...como gostava de te dizer, pessoalmente, que quero que estudes e trabalhes mas tens de comer e descansar também.
Tadoro*

5ª é feriado aqui!
E amanã começo meu curso de espanhol p erasmus (ou melhor amanhã faço o teste para ver o meu nivel)!
Sábado jantei com a julie, fizemos uma lasagna (foi a primeira vez que fiz, e ela também), estava optima (um bocadinho mais de bechamel não fazia mal nenhum, mas estava divina). Hoje janto outra vez com ela, desta vez vamos fazer crepes (quer dizer, vai ela pk eu não sei),nham!
E ontem fui ao cinema, vi Alatriste, é um filme "histórico" espanhol, não creio que esteja aí, falaram duas vezes de Portugal, uma na introdução p dizer que pertenciamos aos espanhois (pk e passava na altura de filipe IV espanhol, filipe III portugues) e outra em que "nos insultavam" por nos termos livrado deles!
4ª chega o melhor amigo da Carole e portanto vao ser uns dias "de puta madre"!
Ahh e sábado minha mum vem visitar-me!=)
By now it's all i can tell you (que me lembre). Isto aqui continua perfeito (só falta uma visita vossa)!

*Kiss*

Saturday, October 07, 2006

Amanti,no dia 5 de Outubro houve a caminhada rosa contra o cancro da mama! E hj a sic faz 14 anos! Não sei se aí dá pa ver os canais Portugueses... Tou xeia de saudades!!! A tua Scola já comexou? Como estão a ser os teus dias por ai? Vai dando noticias... Eu agora ñ vou aparecer aki tantas x's (já aparecia poucas,mas agora vou aparecer menos) por causa da escola e do trabalho... TADORO amanti******* até um dia destes... ****

Friday, October 06, 2006

Há um cansaço da inteligência abstracta, e é o mais horroroso dos cansaços. Não pesa como o cansaço do corpo, nem inquieta como o cansaço do conhecimento pela emoção. É um peso da consciência do mundo, um não poder respirar com a alma.
Então, como se o vento nelas desse, e fossem nuvens, todas as ideias em que temos sentido a vida, todas as ambições e desígnios em que temos fundado a esperança na continuação dela, se rasgam, se abrem, se afastam tornadas cinzas de nevoeiros, farrapos do que não foi nem poderia ser.
E por detrás da derrota surge pura a solidão negra e implacável do céu deserto e estrelado.
O mistério da vida dói-nos e apavora-nos de muitos modos. Uma vezes vem sobre nós como um fantasma sem forma, e a alma treme com o pior dos medos (...). Outras vezes está atrás de nós, visível só quando nos não voltamos para ver, e é a verdade toda no seu horror prundíssimo de a desconhecermos.
Mas este horror que hoje me anula é menos nobre e mais roedor. É uma vontade de não querer ter pensamento, um desejo de nunca ter sido nada, um desespero consciente de todas as células do corpo e da alma.
É o sentido súbito de se estar enclausurado na cela infinita. Para onde pensar em fugir, se só a cela é tudo?