Wednesday, January 31, 2007

Mapeamento de uma arte político-social: Untitled, de Paula Rego


Untitled foi concebido no momento da consulta pública de 28 de Junho de 1998, em que se referendava a interrupção voluntária da gravidez. A obra exibe imagens de profunda dor e angústia que aludem ao aborto clandestino. A artista explica que o resultado do referendo a motivou a produzir este trabalho: "Surgiu porque houve em Portugal o referendo, que deu no que deu, as pessoas ficaram em casa, e eu pergunto-me: Como é que é possível?! As pessoas passaram pelo que passaram e não vão lá votar para tornar isso legal! Porque faz-se na mesma, depois sofre-se e quase que se pode morrer, e depois vai-se para o hospital... e no hospital tratam mal as pessoas, fazem-nas ter vergonha do que fizeram. Tratam-nas como se fossem umas leprosas, e isso é uma coisa muito desagradável e injusta, e estúpida! [...] Em Portugal temos de mudar isso! Então isso não pode ser! O que é que eu hei-de fazer... não posso fazer mais, fiz aqueles quadros! E mostrei-os em Lisboa!
Paula Rego insurge-se contras as formas de rebaixamento do sujeito, através das quais este se sente excluído da posso de determinados direitos dentro de uma sociedade.
(...)
Ao reagir ao referendo de 1998 com Untitled, Paula Rego convocou diversas questões artísticas e sociais: o desiderato a uma lei que permita a interrupção voluntária da gravidez; a objecção que se converte em quadro épico da vida moderna quando materializada em forma soberba num espectro pictórico de realidade mundana.

Catarina Patrício, Artista plástica, Investigadora em antropologia e arte

1 comment:

Cláu said...

SÁAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

bem, quanto ao texto, gostava de ver os ditos quadros....parecem interessantes!!=)*