Friday, December 29, 2006
É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos.
Isto é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa. (...)
As relações entre uma alma e outra, através de coisas tão incertas e divergentes como as palavras comuns e os gestos que se empreendem, são matéria de estranha complexidade. No próprio acto em que nos conhecemos, nos desconhecemos. Dizem os dois "amo-te" ou pensam-no e sentem-no por troca, e cada um quer dizer uma ideia diferente, uma vida diferente, até, porventura, uma cor ou um aroma diferente, na soma abstracta de impressões que constitui a actividade da alma.
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego
Wednesday, December 27, 2006
Tuesday, December 26, 2006
Dia 12 acústico no Casino de Lisboa!
Não tanto do rock enquanto apologia de um determinado modo de vida, popularizado na santíssima trindade do sexo & drogas & rock'n'roll, mas precisamente por recriarem ao longo da sua carreira e com intensa galhardia o tema "It´s only rock'n'roll but I like it".
(...)
A carreira dos Xutos & Pontapés, desde que eram punks mauzões até serem condecorados pelo presidente Jorge Sampaio, é em tudo exemplar; não só para os músicos portugueses. Não por acaso, se encontramos algum tema recorrente nos seus discos, ou nos títulos dos seus álbuns (...), ele é, precisamente, a constataçãodos obstáculos que a cada um se colocam ao longo da vida. Talvez por isso tenham chegado onde chegaram.
Resta dizer que a par de outros artistas portugueses bem sucedidos, eles não têm contrato discográfico (ou, como acontece noutros casos, estão associados a companhias discográficas estrangeiras). Os seus rendimentos provêm, essencialmente, daquilo que fazem quando sobem a um palco. Aí, não há que ter medo dos mp3.
Blitz, Miguel Francisco Cadete
Thursday, December 21, 2006
Metafísica para a Ana

Suponhamos que vejo diante de nós uma rapariga de modos masculinos. Um ente humano vulgar dirá dela, "Aquela rapariga parece um rapaz". Um outro ente humano vulgar, já mais próximo da consciência de que falar é dizer, dirá dela, "Aquela rapariga é um rapaz". Outro ainda, igualmente consciente dos deveres da expressão, mas mais animado do afecto pela concisão, que é a luxúria do pensamento, dirá dela, "Aquele rapaz". Eu direi, "Aquela rapaz", violando a mais elementar das regras da gramática, que manda que haja concordância de género, como de número, entre a voz substantiva e a adjectiva. e terei dito bem; terei falado em absoluto, fotograficamente, fora da chateza, da norma, e da quotidianidade. Não terei falado: terei dito. A gramática, definindo o uso, faz divisões legítimas e falsas. Divide, por exemplo, os verbos em transitivos e intransitivos; porém, o homem de saber dizer tem muitas vezes que converter um verbo transitivo em intransitivo para fotografar o que sente, e não para, como o comum dos animais homens, o ver às escuras. Se quiser dizer que existo, direi "Sou". Se quiser dizer que existo como alma separada, direi "Sou eu". Mas se quiser dizer que existo como entidade que a si mesma se dirige e forma, que exerce junto de si mesma a função divina de se criar, como hei-de empregar o verbo "ser" senão convertendo-o subitamente em transitivo? E então, triunfalmente, antigramaticalmente supremo, direi "Sou-me". Terei dito uma filosofia em duas palavras pequenas. Que preferível não é isto a não dizer nada em quarenta frases? Que mais se pode exigir da filosofia e da dicção? Obedeça à gramática quem não sabe pensar o que sente. Sirva-se dela quem sabe mandar nas suas expressões. Conta-se de Sigismundo, Rei de Roma, que tendo, num discurso público, cometido um erro de gramática, respondeu a quem dele lhe falou, "Sou Rei de Roma, e acima da gramática". E a história narra que ficou sendo conhecido nela como Sigismundo "super-grammaticam". Maravilhoso símbolo! Cada homem que sabe dizer o que diz é, em seu modo, Rei de Roma. O título não é mau, e a alma é ser-se.
Fernando Pessoa
Monday, December 04, 2006
porque sem voces nada seria igual
Nunca correu tanto, o ar não chegava a fazer o circuito completo dentro do seu organismo, mas isso pouco importava, a meta esta ali, a dois metros e pela primeira vez, em dois meses e meio a água insistia em querer sair do seu corpo, quando o coração batia de felicidade.
Eram os quatro seres que mais ansiava ver. E viu.
Não tiveram as converesas que costumavam ter, nem poderiam, o tempo era demasiado escasso e existiam dois meses e meio de intervalo. Tiveram as refeições que costumavam partilhar, as gargalhadas, a alegria, os disparates. Tiveram cantigas na rua e tentativas de fusão, visitas a lojas e fugas de lojas.
Tiveram tanto...e por tão pouco tempo. Faltam 3 semanas para que possam repor um pouco mais do que lhes falta, para que possam abraçar-se novamente.
Amei o fim-de-semana.
Desculpem pelos momentos em que estive mais rabuja e vos pareci mais triste. Que fique claro que nem por um momento este fim-de-semana estive triste (excepto no domingo quando vi um carro pequenino, azulinho a afastar-se). Se tive mais murcha foi porque estava a ficar constipada e quando começo a ficar constipada sempre fico mais ronhó-nhó.
Obrigada. Obrigada pela visita, pelas surpresas, pelos disparates, por tudo. Obrigada por existirem e serem parte da minha vida.
Adoro-vos muito mesmo. Tenho saudades.
Beijão
Saturday, November 25, 2006
Thursday, November 23, 2006
Saturday, November 18, 2006
Friday, November 17, 2006

Há alturas em que pensamos que vivemos momentos que nunca mais vamos esquecer. Depois há alturas em que percebemos que já nem nos lembramos mais daquilo que jurávamos não ir esquecer. Há momentos, pequeninos, e repito, pequenos momentos, aos quais não se dá importância nenhuma. E são esses "malditos" momentos que me vêm constantemente à memória. Esses que nunca pensei recordar e que insistem em massacrar. Vou deixar de olhar para as coisas como algo a lembrar ou esquecer porque, de facto, esqueço sempre o que não era e lembro-me do que julgava menos importante. Mas penso que o problema não estará em mim. Agora até considero normal. Foi bom ter sentido o tempo passar rápido. E falta tão pouco para dia 1!!! A culpa é do tempo, é ele que revela o verdadeiro valor das coisas.
Wednesday, November 08, 2006
Não sei porque escrevo, o que escrevo, sobre o que escrevo e mal sei onde escrevo.
Porque estou aqui mas não sei se estou. Vejo-me sentada mas não me sinto aqui.
Não quero morrer, sou tão nova. que estupidez de conclusão. Quero apenas não viver. Mentira, que outra grande estupidez.
Não sentir.
Aí está.
A morte é o nada. O vazio.
Salvem-me!
Tuesday, November 07, 2006
Pa tds
Darkness afónicos

Justin Hawkins, vocalista dos Darkness, resolveu abandonar a banda que lhe deu fama. Ao tablóide The Sun, o cantor de "I Believe In a Thing Called Love" mostrou-se pesaroso pelos antigos companheiros de armas, mas justifica a decisão com a necessidade de mudança. Hawkins revelou também que se encontra em recuperação de um consumo desregrado de cocaína (1000libras por semana) e precisa de espaço para arejar a cabeça.
Blitz
Eu gostava tanto da músiquinha
Foto:Eu e cabeça do Sá lol
Monday, November 06, 2006
Friday, October 27, 2006
A consciência da inconsciência da vida é o mais antigo imposto à inteligência.
Fernando Pessoa
Wednesday, October 25, 2006
Friday, October 20, 2006
Nigga Poison: Lendas do underground rappam em crioulo. São Resistentes
Resistentes, o seu primeiro álbum a valer, é um reflexo dessa propagação geográfica subliminar mas também o sinal que o estatuto dos Nigga Poison de segredo mantido entre o underground hip-hop está a terminar. Um dos convidados de Resistentes é o MC francês Less du Neuf, e é em França que Praga e Karlon têm adquirido alguma visibilidade.
Neste novo registo, os Nigga Poison sofisticam consideravelmente o seu som, sem perder as premissas duras mas dançáveis, o carácter e o propósito do que fizeram no passado.
O registo de estreia da dupla tomou a forma do EP Podia Ser "Mi", lançado em 2001 por conta própria. As cinco faixas do CD baralhavam calão hip-hop em inglês com o português e o crioulo, o ingrediente especial deste cozinhado. Os instrumentais soavam a loops rudimentares com tendência sombria, enquanto as rimas descreviam um percurso familiar de guerra-miséria-emigração-gueto-mais miséria-exclusão-droga. O que mais impressionava era a fluência das vozes, em especial de Praga, cujo tom anasalado a aproximava do que um computador arcaico imagina ser a cópia fiel de um flow de rap.
Os Nigga Poison eram cantores de intervenção extra-terrestres, e Podia ser "Mi" é tão incontornável para a história do hip-hop luso como Rapresálias Sangue Lágrimas Suor de Chullage, lançado poucos meses antes.
Cinco anos depois há Resistentes. Desta vez com diversos contributos exteriores - dos Terrakota a Xeg e aos DJs SAS e Lusitano. Tem singles naturais como "Fazes Parte Deste Mundo", que pisca o olho ao ragga, e "Nenhum Homi É Ka Perfeito", que mergulha a fundo no reggae. Se alguém disser que os Nigga Poison são do melhor que o nosso hip-hop já fabricou, não ofereçam resistência.
Thursday, October 19, 2006
Monday, October 09, 2006
.
Quando fexa a porta atrás de si já regressou. Sente o calor (o calor em demasia, diga-se) e a vontade de se deixar cair e levar para outra realidade, distante. É um ritual, de olhos semi-cerrados faz tudo o que tem de fazer, e pronta para viajar esquece tudo o que existe, esquece tudo o que é vida e, por umas horas, é livre. Inteiramente livre.
Aqui não tenho acesso aos canais portugueses, só pela net mas, das poucas vezes que os visito, raramente tenho paciencia para prestar grande atenção.
Gostava de ter tado nessa corrida...como gostava de te dizer, pessoalmente, que quero que estudes e trabalhes mas tens de comer e descansar também.
Tadoro*
5ª é feriado aqui!
E amanã começo meu curso de espanhol p erasmus (ou melhor amanhã faço o teste para ver o meu nivel)!
Sábado jantei com a julie, fizemos uma lasagna (foi a primeira vez que fiz, e ela também), estava optima (um bocadinho mais de bechamel não fazia mal nenhum, mas estava divina). Hoje janto outra vez com ela, desta vez vamos fazer crepes (quer dizer, vai ela pk eu não sei),nham!
E ontem fui ao cinema, vi Alatriste, é um filme "histórico" espanhol, não creio que esteja aí, falaram duas vezes de Portugal, uma na introdução p dizer que pertenciamos aos espanhois (pk e passava na altura de filipe IV espanhol, filipe III portugues) e outra em que "nos insultavam" por nos termos livrado deles!
4ª chega o melhor amigo da Carole e portanto vao ser uns dias "de puta madre"!
Ahh e sábado minha mum vem visitar-me!=)
By now it's all i can tell you (que me lembre). Isto aqui continua perfeito (só falta uma visita vossa)!
*Kiss*
Saturday, October 07, 2006
Friday, October 06, 2006
Então, como se o vento nelas desse, e fossem nuvens, todas as ideias em que temos sentido a vida, todas as ambições e desígnios em que temos fundado a esperança na continuação dela, se rasgam, se abrem, se afastam tornadas cinzas de nevoeiros, farrapos do que não foi nem poderia ser.
E por detrás da derrota surge pura a solidão negra e implacável do céu deserto e estrelado.
O mistério da vida dói-nos e apavora-nos de muitos modos. Uma vezes vem sobre nós como um fantasma sem forma, e a alma treme com o pior dos medos (...). Outras vezes está atrás de nós, visível só quando nos não voltamos para ver, e é a verdade toda no seu horror prundíssimo de a desconhecermos.
Mas este horror que hoje me anula é menos nobre e mais roedor. É uma vontade de não querer ter pensamento, um desejo de nunca ter sido nada, um desespero consciente de todas as células do corpo e da alma.
É o sentido súbito de se estar enclausurado na cela infinita. Para onde pensar em fugir, se só a cela é tudo?
Friday, September 29, 2006
Thursday, September 28, 2006
=)
Riem do vazio (e do resto) e, mesmo quando não vertem uma lágrima, choram juntas mais vezes do que se pensa.
Juntam-se porque não têm mais nada para fazer, porque não, porque sim. Juntam-se.
Vivem várias vidas ao mesmo tempo ainda que, por vezes, ninguem (para além delas) se dê conta disso.
E quando, por ausencia ou distancia, não estão todas, sabem, ainda assim, que continuam a ser um conjunto de quatro peças.
*

Reconheço, não sei se com tristeza, a secura humana do meu coração. (...) Mas às vezes sou diferente, e tenho lágrimas, lágrimas das quentes dos que não têm nem tiveram mãe; e meus olhos que ardem dessas lágrimas mortas ardem dentro do meu coração. Não me lembro da minha mãe. Ela morreu tinha eu um ano. Tudo o que há de disperso e duro na minha sensibilidade vem da ausência desse calor e da saudade inútil dos beijos de que me não lembro. Sou postiço. Acordei sempre contra seios outros, acalentado por desvio.
Ah, é a saudade do outro que eu poderia ter sido que me dispersa e sobressalta! Quem outro seria eu se me tivessem dado carinho do que vem desde o ventre até aos beijos na cara pequena? Talvez que a saudade de não ser filho tenha grande parte na minha indiferença sentimental. Quem, em criança, me apertou contra a cara não me podia apertar contra o coração. Essa estava longe, num jazigo - essa que me pertenceria, se o Destino houvesse querido que me pertencesse. Disseram-me, mais tarde, que minha mãe era bonita, e dizem que, quando mo disseram, eu não disse nada. Era já apto de corpo e alma, desentendido de emoções (...). Meu pai, que vivia longe, matou-se quando eu tinha três anos e nunca o conheci. Não sei ainda por que é que vivia longe. Nunca me importei de o saber. Lembro-me da notícia da sua morte como de uma grande seriedade às primeiras refeições depois de se saber. Olhavam, lembro-me, de vez em quando para mim. E eu olhava de troco, entendendo estupidamente. Depois comia com mais regra, pois talvez, sem eu ver, continuassem a olhar-me. Sou todas essas coisas, embora o não queira, no fundo confuso da minha sensibilidade fatal.
Cláu, ontem na mensagem eu não estava "assim", acho eu. Está tudo bem=)
Desapareceu um velhote aqui na Damaia!
Wednesday, September 27, 2006
(...)
Era a ocasião de estar alegre. Mas pesava-me qualquer coisa, uma ânsia desconhecida, um desejo sem definição, nem até reles. Tardava-me, talvez, a sensação de estar vivo. E quando me debrucei da janela altíssima, sobre a rua para onde olhei sem vê-la, senti-me de repente um daqueles trapos húmidos de limpar coisas sujas, que se levam para a janela para secar, mas se esquecem, enrodilhados, no parapeito que mancham lentamente.
Bull Terrier Bull Terrier Bull Terrier!
Tuesday, September 26, 2006
=)

Tenho que escolher o que detesto - ou o sonho, que a minha inteligência odeia, ou a acção, que a minha sensibilidade repugna; ou a acção, para que não nasci, ou o sonho, para que ninguém nasceu.
Resulta que, como detesto ambos, mão escolho nenhum; mas, como hei-de, em certa ocasião, ou sonhar ou agir, misturo uma coisa com outra.
Monday, September 25, 2006
Para recordares o melhor que por cá existe: Pessoa
Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me enocntro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.
Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência.
Gozo a brisa que me dão e a alma que me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro.
Se o que deixar escrito no livro dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se não o lerem, sem se entretiverem, será bem também.
O bolinhas teve um furo.
"Entretiverem" é daquelas palavras que eu ia sempre dizer estar incorrecta.
Saturday, September 23, 2006
..
Friday, September 22, 2006
Thursday, September 21, 2006
Aos meus anjos da guarda: Obrigada*
Quando o moço ia a entrar na sua gruta o anjo perdeu a compostura e começou a dar-lhe carolos e a gritar, se entras aí não te posso valer, que essa mulher tem parte com o diabo e aqui à porta se acaba o meu poder. Mas ela saiu a esperá-lo, era tão linda que até o anjo estremeceu na sua alvura, levou o moço para dentro e o pobre guardião ficou à porta a arrepelar os caracóis em desespero.
Passada a noite, a feiticeira deitou fora os pedaços do moço que lhe sobraram e antes que viessem as hienas gargalhosas o anjo ali o costurou, já não era o moço de antigamente, faltava-lhe a melhor parte da carne, mas ainda mexia e disse ao anjo:
- Bendito por me protegeres e me coseres os bocados, mas em verdade te digo, se não tivesse ido lá de rojo a conhecer o diabo em forma de mulher, não te conhecia agora a bondade em forma de anjo. E seguiram o seu caminho e nunca mais se desavieram.
Wednesday, September 20, 2006
Liberdade
Tuesday, September 19, 2006
1ºpost enquadrado, realmente, na ideia deste blog
Conto aos meus mais recentes amigos algumas das noites que passávamos aí, na rua, no wc, no carro, bares, cafes, etc. Riem-se. Rimo-nos. Mas se vos contasse as minhas noites seria a mesma coisa, rir-nos-iamos todas.
Já me adaptei. Já conheço Salamanca sem mapa mesmo nos sitios onde nunca estive. Já conheço pessoas, costumes, já lhe aponto defeitos e claro, a cada dia me fascino mais. É do melhor.
Dizem que tenho um sotaque mesmo estrangeiro. Farto de me rir. Já fiz palhaçadas, já disse disparates, quase nunca me apetece vir para casa (desculpem, sei que a minha casa é aí, mas neste contexto tenho de tratar o meu quarto como minha casa) até porque há sempre uma outra casa onde ficar.
Se me perguntarem, "estás feliz?", "estás bem?",a resposta é só uma e o mais sincera possivel (como, aliás, entre nós sempre é), Sim.
Estou bem e não me sinto sózinha. Adoro isto.
Mas, às vezes, queria mesmo muito que tivessem aqui pelo menos cinco minutos. Queria poder ficar calada e saber que havia, pelo menos, alguém que me ía entender, que ía ler-me a alma e saber, em silêncio, tudo o que sinto e penso.
Não podia gostar mais de isto. Mas é impossivel não sentir a vossa falta.
Adoro-vos.
*
[P.S.-Fui avisada que isto tinha erros....desculpem mas não os detecto. Sei que é grave mas a verdade é que já começo a notar os efeitos do espanhol, dou mais erros no português, e utilizo expressões que em portugues não se usam. A minha professora depois dir-me-a quais sao os erros....que vergonha!]
[P.S.2- Fogo voces tb....devem achar k a minha cabeça da para tudo. A estrutura espanhol é diferente, o "Não posso gostar mais DE ISTO" estaria correcto em espanhol, assim com o "Farto de me rir", achava convictamente que sozinha tinha acento, e os sítios onde faltam acentos tb sei (mas quando escrevo na net nem sempre ponho os acentos todos). OK o ia e o de que podem reclamar. Mas lembrem-se que a minha caxola nao da para tudo (muito menos agora) e inda por cima há coisas que em espanhol sao o oposto do portugues e que todos os dias me corrigem pelo que o meu portugues vai ficar uma treta. Já pergunto "que tal?" em vez de "tdo bem?", e "que pasa?" em vez de "o que foi?" e ja digo galicia em vez de galiza....como tal não exijam demais!LOL! mas sim....corrijam-me =) que faz bem!]
Monday, September 18, 2006
Friday, September 15, 2006
Thursday, September 14, 2006
Wednesday, September 13, 2006

Quatro seres. Uma música de fundo que inunda os olhos dos ouvintes, não por ser lamechas ou ter qualquer tipo de significado em si, mas sim porque o seu significado vai muito mais além. Era a música de fundo que as gargantas dos quatro seres berravam em noites de loucura. Um desejo de que a música não acabe, para que a hora não chegue. Mas a música acaba, o tempo passa. Um abraço que desfaz. Outro abraço que dói. Um último abraço que quase não é, é apenas um toque de braços e beijinho. Um ser que corre. Não sabemos atrás de quê, ou do que foge, nem ele sabe. As lágrimas vão com ele. Três seres que ficam e não o olham. Que não se olham e partem silenciosamente. Três seres e as respectivas lágrimas. O vazio de um elemento.
A vida é como um livro que deve ser folheado página por página, sem se consultar o índice.
Assim será (esta é a música favorita de um dos seres). O mais pequeno, e que nunca chora. Ou quase nunca.
Tuesday, September 12, 2006
Alentejo
É uma terra de contrastes - entre as planícies douradas pelo Sol e o gelo imposto pelo Inverno, entre as vinhas que tornam os seus frutos apetecidos um pouco por toda a parte e os campos de cereais que durante tanto tempo levaram a que esta região fosse baptizada de celeiro do país. Atravessando o rio Tejo entra-se num outro cenário, de contemplação e tranquilidade mas também de grandes tomadas de posição, de resistência.
Sunday, September 10, 2006
truth
Saturday, September 09, 2006
Dizia-lhes para louvarem a Deus, para lhe agradecerem a terra, as árvores e o vento, as asas e o canto.
Dizia-lhes que se mostrassem gratos por cada grão de trigo e cada manhã de sol, pelo calor do ninho e a frescura da fonte.
Mas um dia pareceu ao melro falante que os gorjeios dos seus iguais não eram bastante claros para louvar a Deus e põs-se a ensinar-lhes a lígua dos homens, que ele próprio recebera como um dom. Por mais que abrissem os biquitos para piar não lhes saía bê nem bá nem tê nem tá, mê nem mi, nem vê nem vi. O melro falante vá de lhes chamar nomes, de estúpidos para baixo levaram uma roda de insultos, até que Deus lhe tirou o pio e lhe disse, a arrogância destrói o talento e agora nem bê nem bá nem tê nem tá, mê nem mi, nem vê nem vi. E me louvarás com voz de melro e todos os pássaros do mundo igualmente e cada um com a sua.
Friday, September 08, 2006
Mais hip-hop tuga SP & Wilson chegaram para fazer Barulho

Os rapazes SP & Wilson trazem um brilhozinho nos olhos e o caso não é para menos. Ao primeiro disco, a dupla portuguesa de pé fincado em Angola está a cativar a atenção do público e até de ilustres companheiros de profissão. O episódio mais marcante no percurso dos autores de Barulho aconteceu há bem pouco tempo, (...) e envolveu Matisyahu. "Eu disse ao Wilson: vamos fazer beatbox, vão-nos ouvir e vão-nos convidar para tocar com eles, amanhã, no Coliseu", recorda SP.
Wilson duvidou, mas o convite chegou mesmo.
"Aprendemos muito com eles, mas eles também aprenderam connosco", acredita SP. "Lá fora, os beatboxers seguem todos a linha do hip-hop, r&b, ragga, drum`n`bass. Nós puxamos muito às raízes africanas e ao lado brasileiro".
Talvez porque nem SP nem Wilson são hip-hoppers empedernidos. "Eu cresci a ouvir Nirvana, Metallica, Iron Maiden... Enigma! E também música africana", revela SP, que passou os primeiros anos da sua vida entre angola, Portugal, Brasil e Inglaterra. Aluno de um colégio interno, Wilson ouvia mais kizomba do que hip-hop. Quando decidiram fazer um disco, Sp e Wilson picaram "dois ou três discos" do género, para não fazerem fraca figura: "Tudo o que sai em Portugal de hip-hop tem sido fresco, então também quisemos fazer uma coisa fresca", justifica Wilson.
"Há quem diga que somos apanhados da cabeça... puxámos isso para o álbum - o principal é que as pessoas se divirtam a ouvi-lo", completa o companheiro.
Em disco e ao vivo, os dois amigos têm conquistado fãs: "talvez seja por causa do beatbox, que é uma arma", especula Wilson. "Muito pessoal do rock e de estilos que não têm nada a ver com o hip-hop adere!". Apesar do burburinho em seu redor - e do entusiasmo feminino habitualmente demonstrado - SP & Wilson não embandeiram em arco. "Apenas seremos famosos quando formos ao Japão e um telemóvel tocar e for o nosso ringtone", declara SP. "As pessoas vêm ter connosco e pedem-nos autógrafos, mas é uma coisa que estamos a tentar tornar banal. Queremos que seja como ir na rua e ver passar um carro".
A viatura SP & Wilson continua em trânsito pelo país, este Verão.
Foto: A dita Koala =) na minha barraca
Thursday, September 07, 2006
Deve ter uma definição relativamente simples. Bem mais simples do que a sua concretização na prática.
Deve dizer que se trata de um estado normal que afecta o ser humano em determinadas situações bastante específicas.
Deve dizer que se traduz em expressões de rosto caricatas, em faces pálidas, em tremores estranhos...
Deve dizer que produz aquilo a que se chama nervos e que, consequentemente, provoca dores de barriga, pernas bambas...
Deve dizer que faz com que muitas vezes existam hesitações.
Mas o medo não pode ser assim tão negativo.
Devia dizer que ensina o ser humano a pensar.
Devia dizer que ensina a avançar mesmo sem ter a certeza se será o melhor a fazer, afinal é mesmo isso a vida. Um non stop de desconhecido.
Devia dizer que nos faz cair e magoar, mas que depois nos faz erguer com o dobro da força e seguir em frente.
É fácil apagar as pegadas e sermos vencidos pelo medo, difícil, porém, é caminhar sem pisar o chão. Há que arriscar.
Wednesday, September 06, 2006
Tuesday, September 05, 2006
Monday, September 04, 2006
Friday, September 01, 2006
Fim de Agosto

Uma pessoa na praia caminha até à água e prepara-se para dar o último mergulho do dia. Deixou o seu grupo no areal e foi sozinha. A temperatura do mar é moderada mas depois de uma tarde preguiçosa deixa a pele arrepiada e desperta quase instantaneamente. Não sabemos se esta pessoa é homem ou mulher, nem que idade tem, nem em que circunstâncias foi ali parar. Sabemos que isto aconteceu. A identificação da personagem - ela própria distraída de si mesma enaquanto caminha - não tem qualquer importância. Dirigiu-se para o mar por reacção à inactividade e é tudo.
Mergulhou uma única vez sob uma onda e ficou num estado mental lúcido incomum. Como lhe ocorrera poucas vezes na vida: uma vez em que saiu de casa numa seca manhã fria de Inverno sem chuva e em mais um par de ocasiões igualmente prosaicas, noites especialmente estreladas, chuvas novas baixando a poeira, o que quer que fosse. Nessas ocasiões não se dera nenhum acontecimento particular, nada de significativo girara nas rodas dentadas, e a sua chave máxima estava precisamente em nada ter ocorrido e não haver mistério algum para decifrar. Por isso, e tal como dessas vezes, teve a certeza de que não se esqueceria daquele momento.
A primeira coisa em que reparou depois de regressar à superfície foi na limpidez da falésia por detrás do areal. Era, como em muitas praias, uma breve escarpa de arenito ocre, com uma linha de arbustos no topo, e que descia em modulações intersectadas pela sombra, exactamente como os panejamentos nos mármores das estátuas clássicas, dramaticamente pregueados em excesso. Via a falésia, que se encontrava a uma distância razoável, com uma nitidez mais do que perfeita, como se tivesse sido míope toda a vida e agora, - sem óculos, sem lentes -, visse prodigiosamente definidos todos os objectos, e todos os objectos ganhassem uma sobstância, um recorte e um volume de que raramente se apercebera. Sabia, genericamente falando, as razões pelas quais aquilo se dera: era fim da tarde, e talvez fosse pelo ângulo dos raios solares, ou pela trajectória das ondas electromagnéticas e a sua refracção, que por sua vez talvez tivesse algo que ver com polarização ou um qualquer fenómeno de nome semelhante. Sabia dessas razões e elas passaram-lhe pela mente embora não se possa dizer que tivesse pensado nelas. Estavam algures num plano de fundo da mente, como tudo o resto. Continuava, por exemplo, ouvindo os banhistas nas imediações. Era um mês de férias, note-se, e as férias estavam a acabar-se. E tampouco estava deserta a praia; era uma praia cheia de gente, e as crianças esgotavam os derradeiros guinchos e gritos, exigiam a atenção umas das outras para as últimas acrobacias, eram chamadas pelos adultos pela vez definitiva.
E embora a pessoa no meio da água - mulher ou homem, pouco interessa - ouvisse tudo isso sem lhe escapar a mais ínfima minúcia, nada a distraía daquela falésia erguida entre a areia cheia de gente e o céu azul escuro. Grupos de gente abandonavam a praia carregando chapéus-de-sol, toalhas e animais domésticos para onde quer que estivessem alojados durante aquele mês. Alguns exercitavam-se a poucos metros de distância, corriam, faziam jogos. O seu próprio grupo estava quase em frente, um pouco mais afastados entre estes dois planos, e esperavam. Ela via-os, mas não os via.
Isto durou, ao contrário do que leva a contar, pouquíssimo tempo. E passado esse pouquíssimo tempo a nossa personagem teve o seu primeiro pensamento. Lembrou-se de alguém que perdera pouco tempo antes.
Também aqui não se pode dizer com segurança de quem se tratava, se de um amigo próximo, se de um familiar, se de outro qualquer alguém. Pouco importa, porque sucessivamente se foi recordando de todas estas pessoas, uma de cada vez, lembrando os seus nomes e a sua presença e dizendo-se interiormente: "quem me dera que eles pudessem ver isto". "Isto" a que ela se referia não era nada de especial, diga-se a verdade, apenas uma praia cheia de grupos de amigos e famílias das mais variadas composições, e ao fundo uma falésia excessivamente nítida contra um céu de ultramarino. Uma coisa trivial, pensou, "mas eu posso vê-la - e posso sentir a água fria". Eles, os que já perdera e lhe faziam falta, não podiam.
Este pensamento, noutra ocasião, tê-la-ia vergado. É demasiado grande a diferença entre poder experimentar uma coisa - qualquer coisa idiota e insignificante que seja - e a ideia de não poder experimentar coisa nenhuma. Está nos limites do suportável; e mais ainda saber disso de uma maneira que não é abstracta, mas colocando-lhe os nomes e rostos de pessoas que conhecemos. É um peso sem qualificações. Mas a consciência que ela tinha desse peso era um pouco como os ruídos e os movimentos ali em torno, que via e ouvia plenamente sem reagir a eles. Não estava sentindo; não estava pensando. Era qualquer coisa que não era uma coisa nem outra. A consciência da falésia estava ali apenas, a consciência que tinha das pessoas que perdera estava ali somente. E ela estava ali. Eu estou aqui, e vivo, e a consciência deles está aqui comigo, como essa areia e esta água e aquela falésia. Eles não estão aqui, e eu não estarei aqui um dia. Mas isto tudo é o que há - em abundância e diversidade talvez infinitas.
No dia seguinte deu-se uma debandada colectiva da cidade onde estavam. As pessoas saldaram as contas nos hóteis e levaram as malas para fora. Jovens estudantes em férias largaram os seus empregos temporários em restaurantes e cafés. Pais e mães puxaram os filhos para dentro dos carros e ligaram as ignições. Já na estrada, accionaram os limpa-pára-brisas por causa das primeiras chuvas do novo mês que entrava. Ao abandonar as últimas ruas, os miúdos espreitaram pela janela afora e viram gente de mochila à espera dos transportes púnlicos. Tudo estava calado, vagaroso e mole.
Thursday, August 31, 2006
Wednesday, August 30, 2006
Quando Marley morreu =(
-Eu sei - disse eu. -Eu também.
Tuesday, August 29, 2006
Nova Orleães um ano depois

Um ano depois da devastação causada pelo furacão Katrina, bairros inteiros de Nova Orleães continuam desertos, apesar do movimento das escavadoras.
Mesmo na zona turística, a menos afectada, a realidade é sombria.
(...) Rockey Vaccarella pegou na caravana onde tem estado a viver nos últimos 6 meses e foi de Nova Orleães até Washington para falar com o Presidente dos EUA. Poucos dias antes de se assinalar o primeiro aniversário da passagem do furacão Katrina, este "sobrevivente", literalmente pescado da corrente das cheias que inundaram a cidade para o cimo de um telhado, queria agradecer a George W. Bush pelos milhares de "roulottes" que agora servem de lar aos milhares de residentes que escolheram voltar para casa. "Temos água, temos luz. Temos um sítio para dormir e cozinhar. Podemos reconstruir as nossas vidas.
Mas também queria lembrar ao Presidente que ainda há muito que fazer", observou, numa inesperada aparição no relvado da Casa Branca.
No discurso de Vaccarella estava ausente todo o rancor e ressentimento contra a Administração que continua a ferver na cidade devastada pelo furacão. Um ano depois, quase 2 terços da população de Nova Orleães continua espalhada por vários outros estados do país, sem perspectivas de alguma vez regressar.
Bairros inteiros continuam desertos de vida, apesar do ocasional movimento das escavadoras e dos camiões que levam para longe da vista os destroços que sobraram da tragédia - milhões de toneladas de lixo, uma amálgama indecifrável de detritos onde repousam décadas e décadas de vida.
"O movimento de regresso tem sido muito lento. Vejo algumas casas, poucas, a ser reconstruídas em bairros onde não há mais nada nem ninguém. Conheço muita gente que ainda está à espera de uma informação da companhia de seguros e que sem o dinheiro da indemnização está de mãos atadas em termos de compor a sua casa ou comprar uma casa nova. E o que mais ouço são histórias de pessoas que decidiram definitivamente abandonar a cidade", relata (...) Mark Kulp, um professor da Universidade de Nova Orleães.
A maior operação de reconstrução da história americana já absorveu 44 mil milhões de dólares (de um total de quase 110 mil milhões de dólares disponibilizados pelo governo federal), mas por enquanto os efeitos desse investimento dificilmente se traduzem na melhoria da situação no terreno.
"A ideia que existe é que estamos a nadar em dinheiro", queixou-se o mayor de Nova Orleães, Ray Nagin, mas a verdade é que muito pouco do dinheiro apropriado pelo Congresso chegou aos cofres municipais. Até agora, a cidade recebeu 120 milhões de dólares provenientes do fundo federal para desastres e cerca de 100 milhões de dólares como reembolso de algumas obras. "Ainda não temos resposta das autoridades federais para avançar com a reparação de infraestruturas essenciais orçamentadas em mais de 1000 milhões de dólares", lamentou Nagin.
"Não devemos dar demasiada importância a este primeiro aniversário, porque temos de estar conscientes(ERRO GRAVE:CONSCIENTE DE QUE)que vai levar muito tempo a reconstruir. Esta data deve ser, mais do que tudo, um dia para lembrar o sofrimento destes milhares de pessoas, e uma oportunidade para reafirmar o nosso compromisso em apoiar e financiar os seus esforços para regressar à normalidade", frisou George W. Bush. "Vão ser precisos entre 3 a 5 anos para a reconstrução", estimou Ray Nagin.
"Reconstrução? Que reconstrução?", pergunta Derek Guth, um habitante da zona leste que, tal como mais cem mil pessoas, está a viver numa caravana, estacionada em frente à sua antiga casa. "Para perceber como isto está, basta olhar para as ruas.
Passou um ano e nem sequer os semáforos estão a funcionar", explica. Mais de metade das escolas e hospitais permanecem fechados; o pequeno comércio teima em não regressar." Quando venho para a universidade apercebo-me de 15 a 30 lojas num raio de um quilómetro que continuam de porta fechada e sem qualquer intenção de abrir: ou mudaram para outra zona da cidade, ou foram-se de vez", conta Mark Kulp. Na universidade, diz, é onde a vida mais se aproxima da normalidade. "Já temos todos os edifícios a funcionar, mas temos menos 6000 alunos do que antes do furacão."
Na zona turística da cidade, que sobreviveu praticamente incólume ao Katrina, a realidade também é sombria. Os hóteis, bares, lojas e restaurantes têm as portas abertas, mas o movimento é reduzido. "A maior parte dos visitantes são voluntários ou funcionários; ainda não temos os turistas que tínhamos no passado. Às vezes passam-se mais de 5 dias em que nem mexo na caixa registadora", ilustra o proprietário de uma loja de souvenirs do Quarteirão Francês.
"O negócio caiu 65%. Se os turistas não vierem, acaba-se", observa.
A criminalidade, que já era um dos principais problemas da cidade antes do Katrina, está a tomar conta de muitas das áreas desertas. Muitas casas abandonadas pelos proprietários estão a ser ocupadas por gangs e traficantes de droga, que confiam na incapacidade da reduzidíssima força policial para fazer prosperar as suas actividades ilegais.
Qualquer semelhança com o Ensaio Sobre a Cegueira pode não ser mera coincidência.
Monday, August 28, 2006
Mas há coisas que não entendo (e até sou minimamente esforçada). A mentira equipara-se ao que se costuma dizer sobre as profissões: é tão antiga como a primeira profissão do mundo (nos últimos tempos tenho ouvido falar assim da prostituição).
No início ainda pensei que por ser tão antiga existisse algo de positivo na mentira (pelo menos na prostituição há um retorno de algo), mas não.
E então porque é tão antiga e porque não acaba?
Problema do ser humano, claro.
Melhor, problema do ser humano minimamente decente. Porque realmente a verdade é a melhor camuflagem! Ninguém acredita nela.
Friday, August 25, 2006
Thursday, August 24, 2006
Memórias Esquecidas III
- Nós não íamos dá-la de graça - diz o Conciso bruscamente. - Se alguém fosse suficientemente idiota para se manter nisso, problema dele.
Abano a cabeça com repulsa.
- Se fizeres isso, as pessoas virão.
- Se fizer isso - diz Conciso - , pagarei a minha renda. Se fizer isso posso pagar aos agiotas. Se fizer isso, posso pôr sapatos nos pés dos meus filhos e comida nas suas barrigas, e talvez até possa, de vez em quando, aparecer com um brinquedo que todos os outros malditos miúdos da escola já têm - ele olha para mim. - Se eu fizer isso, talvez o meu filho não tenha de o fazer quando crescer.
É espantoso - os segredo que conseguimos guardar, quando estamos a viver lado a lado.
- Não me disseste nada.
Conciso levanta-se e apoia as mãos no beliche superior.
- A mãe morreu de overdose. Ele vive com a irmã dela, que nem sempre se incomoda a cuidar dele. Tento enviar dinheiro para ter a certeza que ele toma o pequeno-almoço e recebe senhas de almoço na escola. Também tenho uma pequena conta bancária para ele. No caso de ele não querer pertencer a um gang de rua, percebes? No caso de ele querer ser astronauta ou jogador de futebol ou algo do género - tira um pequeno bloco de notas do seu beliche. - Estou a escrever para ele. Tipo um diário. Para que ele saiba quem é o pai quando souber ler.
É sempre mais fácil julgar uma pessoa do que descobrir o que poderá tê-la levado ao ponto de fazer algo ilegal ou moralmente repreensível, por acreditar sinceramente que ficará melhor assim.
[in Memórias Esquecidas, Jodi Picoult]
Amanhã vamos visitar nossa familia....yeahhh!=)
***
Get rich or die trying - vencer ou morrer

Este é um filme inspirado na vida do popular cantor rap 50Cent, que teve uma infância difícil, e que muito jovem entrou no mundo da droga, da violência e do crime, mas que encontrou uma saída através da música, acabando por atingir a fama e a fortuna. Na verdade, o filme é mais uma reformulação de um tema tradicional em Hollywood: a realização do sonho americano, onde mesmo o indivíduo mais desvalido tem hipótese de triunfar.
Neste caso o pano de fundo é o mundo do tráfico de droga e da música rap. Uma sólida realização de Jim Sheridan que soube tirar um excelente desempenho de 50Cent, exímio a fazer de si próprio.
Saturday, August 19, 2006
Isto é para voxes... só k nao consegui por a foto k kr*****Fika a intenxao
Friday, August 18, 2006
Memórias Esquecidas II
No ano passado, tive a conversa dos "estranhos" com a Sophie: não aceites doces de uma pessoa que não conheces, nunca entres no carro de ninguém excepto no nosso, não fales com desconhecidos. A Sophie, que nasceu numa cidadezinha do New Hampshire onde as pessoas a conheciam pelo nome quando andava pela rua, não conseguiu entender os avisos.
- Como sabemos que são os homens maus? - perguntou ela. - Conseguimos perceber só de olhar?
O que eu devia ter-lhe dito nessa altura era: "Sim, mas tens de estar a olhar no momento certo." Porque o mesmo homem que rouba uma loja armado de uma faca, pode, num semáforo, voltar-se e sorrir. O tipo que violou uma rapariga de treze anos pode estar a cantar hinos ao teu lado na igreja. O pai que raptou a sua filha pode estar a viver na casa ao lado da tua.
Mau não é um termo absoluto, mas sim relativo. Perguntem ao ladrão que usou o dinheiro que roubou para alimentar o seu filho pequeno; ao violador que foi molestado sexualmente enquanto era criança; ao raptor que acreditava verdadeiramente que estava a salvar uma vida. E só porque transdredimos a lei, isso não significa que tenhamos intencionalmente ultrapassado os limites para o mal. Por vezes, os limite vêm até nós, e quando damos por isso, já estamos do outro lado.
[in Memórias Esquecidas, Jodi Picoult]
tava a ver k ñ...
Thursday, August 17, 2006
Muse
Wednesday, August 16, 2006
Cantam as nossas almas (Agosto)
Tuesday, August 15, 2006
Un ser inmaterial.
Saturday, August 12, 2006
Friday, August 04, 2006
Saturday, July 29, 2006
Friday, July 28, 2006
Thursday, July 27, 2006
Wednesday, July 26, 2006
Crónica de una muerte anunciada
Agora já posso ler o que bem me apetecer...que saudades!!Estas férias vou devorar livros(acho)!
É assim que começa o meu mini livro de Gabriel Garcia Marquez (mini..pk é livro de bolso)...deve ser lindo.
Ainda bem que eu não acordei assim, "salpicado de cagada de pájaros"...seria mau demais! Eu bem defendo que nos deiamos unir e fazer uma manifestação, um abaixo assinado ou o que seja a favor da educação dos pássaros e da criacção de infra-estruturas básicas de saneamento a tais bitxinhos...mas ninguem me ouve...esperem só até ao dia em que acordam assim, como o Santiago Nasar, e depois logo me dão razão!
Quanto à colaboradora mais assidua deste blog...Bigada por todo o apoio, obrigada mesmo. 4ºano, limpinho....A.R.S. / PED nunca mais!=)*
Kiss

Parecia un amante desesperado porque el ser que ama lo va a dejar. Te rogaba, te imploraba que permanecieras todo el año con él, con lágrimas en los ojos y la voz rota, o dejaba de hablarte días enteros, mirándote con rencor y odio, como si le hubieras causado un daño irreparable. A veces, sentias infinita piedad por ese ser desvalido, desarmado ante el mundo, que se aferraba a ti porque te sentia fuerte, un luchador. Pero, otras veces, te indignabas: no tenías tú suficientes problemas para echarte encima también los del?
Tuesday, July 25, 2006
Monday, July 24, 2006
Sunday, July 23, 2006
Saturday, July 22, 2006
back

Hay cosas que me gustan peró me dejan triste.
Me gusta Salamanca. Es una ciudade (y si, creyo que es femenino) belisima, es la tipica ciudade que a mi me gusta muchisimo. Me gusta lo que puedo aprender, lo que voy a receber con esta experiencia, y me gusta todo lo que me espera ahí.
Me asusta lo que dejo aquí. Me gusta muchisimo lo que dejo aqui.
Estoy muy contente de partir, sé que no es facil para ti, peró para mi tanpoco.
Me gustas tu.
Vosotros.
Hay cosas que no cambian, no importa donde se está.
Friday, July 21, 2006
Thursday, July 20, 2006
Wednesday, July 19, 2006
Tuesday, July 18, 2006
Monday, July 17, 2006
Sunday, July 16, 2006
Friday, July 14, 2006
ups
O calor era imenso, ao longe tudo se tornava difuso e ao perto, as arvores pareciam abanar, pareciam porque não corria uma aragem. As cores passavam a correr, paravam por breves segundos e continuavam, noutra direcção, e, depois, recomeçava. As pessoas preparavam-se (ou acabavam de o fazer) para encher a única coisa que, na altura deixou de me preocupar ou mesmo de existir, o estomago.
Quando finalmente deixei de estar só, só queria pedir-te deculpa. E dar-te os parabéns.
Desculpa. Parabéns.
=)*
Kim Hubbard

Amigo é aquele que sabe tudo a teu respeito, e mesmo assim, ainda gosta de ti!
Obrigada por tudo, hoje. Não consegui controlar totalmente os meus nervos...
Até me esqueci de te pagar a sandes.
Espero que não me volte a acontecer nada assim. É uma sensação mesmo má.
Ah! não sei se sabes que agora há um passe daqueles tipo inter rail mas para andar dentro de Portugal. Ou vai haver. Também deve ser giro=)
Thursday, July 13, 2006
Prémio literário "8ª Colina"
(Âmbito e aplicação)
1. Podem participar no concurso literário todos os jovens até aos 30 anos residentes em Portugal e nas Regiões Autónomas que não possuam qualquer obra publicada. Estão excluídos à partida todos os colaboradores do jornal.
2. O concurso terá duas categorias distintas: prosa e poesia.
3. Serão admitidos a concurso textos inéditos escritos em português.
Artigo 2º
(Apresentação dos Trabalhos)
1. Cada concorrente poderá apenas apresentar uma obra para cada categoria.
2. Os trabalhos entregues terão de ser assinados com o verdadeiro nome do concorrente, anexando-lhe uma ficha com os dados pessoais (nome completo, morada, telefone e e-mail). É ainda obrigatória a entrega de uma cópia do Bilhete de Identidade.
3. Os trabalhos terão de ser elaborados com o tipo de letra Arial 10, duplo espaçamento entre as linhas e páginas enumeradas sequencialmente. A dimensão máxima é de 10.000 caracteres.
Artigo 3º
(Entrega dos Trabalhos)
1. Os trabalhos devem ser enviados para o endereço electrónico oitavacolina@gmail.com ou para a seguinte morada: Concurso Literário 'Oitava Colina', Jornal Oitava Colina, Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa, Campus de Benfica do IPL, 1549-014 Lisboa.
2. A data limite de entrega dos textos é 31 de Agosto.
Artigo 4º
(Júri do Concurso)
1. O júri será composto por um elemento da redacção do 8ª Colina e dois reconhecidos especialistas na área de estudos literários.
2. Caberá ao júri definir os critérios a adoptar na avaliação dos trabalhos.
Artigo 5º
(Textos a premiar)
1. De entre os trabalhos apresentados será premiado o melhor texto na categoria de prosa e o melhor texto na categoria de poesia.
2. A decisão do júri é soberana sendo que, da mesma, não haverá recurso.
Artigo 6º
(Prémio e comunicação dos resultados)
1. O trabalho premiado será publicado na próxima edição do jornal Oitava Colina, sem prejuízo para outros prémios que venham a existir.
2. O titular do prémio será notificado do mesmo ainda antes do seu texto ser publicado na ediçõ do jornal.
3. Os trabalhos não premiados não serão devolvidos aos seus autores.
Artigo 7º
(Não aceitação dos Textos)
Os promotores desta iniciativa reservam-se o direito de não aceitar os textos a concurso que não obedecem às regras estabelecidas no presente regulamento.
Artigo 8º
(Aceitação)
O simples facto de participar neste concurso implica a aceitação de todas as regras definidas no presente regulamento.
Wednesday, July 12, 2006
Orgulho em mim. Sim, tenho orgulho em mim. Sinto-me bem quando confiam em mim, quando sou capaz, quando acreditam em mim, quando sentem a minha falta, quando consigo, quando, sendo eu propria, pareço "especial". E podem dizer que sou convencida, porque se isto é ser convencida então eu, efectivamente, sou. E mais se isto é ser convencida, ainda bem que o sou.
[Nota - este post pode assumir-se completamente desadequado noutros dias.]
***
[Texto e musica sem relação...mas esta musica - e esta versao - está EXCELENT! Enjoy]
Tuesday, July 11, 2006
Monday, July 10, 2006
No entanto, estava mesmo muito escuro.
Ou seria na minha cabeça a escuridão. Não sei.
Falámos. Falámos de tudo. Ao sabor da brisa (quente) e ao ritmo do balançar de baloiço que fazia com que essa brisa se fizesse vento. Saboroso, esse vento a bater-nos no rosto.
O som era sempre o mesmo... aquele chiar do ferro como que a queixar-se de nós. Mas estava tão escuro que, no momento, as dores do ferro não superavam as dores que a escuridão começava a provocar em mim.
Como fui egoísta.
O baloiço ouviu tudo. Teve de ouvir. E a única queixa que fez era tão legítima... não tínhamos propriamente idade para nos balouçarmos nele... mas na altura a escuridão não me deixou pensar na dor dos outros. Diga-se, do baloiço.
Só hoje percebo como fui (fomos) egoístas. Ele ouviu tudo. A tua história. A minha história. A nossa história com todos os pontos em que se relacionavam. De facto, já te conhecia antes de te conhecer. Senti isso, pela primeira vez nessa noite.
O tempo leva tudo, menos as recordações. E eu recordo-te, comigo, desde sempre.
Sunday, July 09, 2006
home
Esperava que a viessem buscar...mas nunca vinham. Todos os dias corria até ali, na esperança que a levassem....mas ninguém levava. Dizia adeus aos pássaros, falava com eles pedindo-lhes que transmitissem a sua mensagem...mas não obtinha resposta.
E era tão estranho ve-la ali, a sério que era. Era tão estranho ve-la ali, tão pequena, tão sózinha, tão perdida, tão vazia. Era tão estranho vê-la ali tão pequena como era. Era tão estranho vê-la ali sem ninguém, a dizer adeus e a sorrir para as pessoas, pessoas que lhe viravam a cara, que lhe davam uma moeda, será que ninguém nunca percebeu que não era isso que queria? Era tão estranho vê-la ali tão perdida da vida, sem um sitio a que pudesse chamar casa, e ver que mesmo assim ela dizia que tinha casa, dizia isso aos pássaros "digam aos senhores que encontrarem que eu espero por eles em minha casa". Era tão estranho vê-la ali vazia de tudo mas cheia do que realmente interessa, cheia de sonhos e esperança.
Porque é que nunca ninguém lhe deu, realmente uma casa?
Porque é que nunca ninguém lhe deu a mão e disse 'vem comigo'?
Ela era uma criança...uma criança.
- Porque é que tu não fizest isso?
- Eu fiz...ela nunca quis...diz que preferia esperar por uma familia, assim no dia em que a familia chegasse ela ía ter uma familia e uma amiga, eu. Eu devia ter feito mais, eu devia te-la ajudado a encontrar uma familia...
- Não ía adiantar...há coisas que só interessam fazer se forem feitas de livre vontade e por iniciativa propria. Vamos para casa, anda.
- Não. Eu vou ficar mais um bocado, pode ser que os pássaros tragam alguma resposta...
[23.Out.2005]
A minha radiante tem-se encarregado de dar uso a este blog (haja alguem!), tenho andado um bocado ausente mas vou voltar;) quanto à 3ªcolaboradora...parece que ainda vamos ter de esperar, D.Rrrta tamos à sua espera!!
***
Saturday, July 08, 2006
VS
Sim, é para ti.
Friday, July 07, 2006

Porto calmo de abrigo,
de um futuro maior
porventura perdido
no presente temor
Não faz muito sentido
não esperar o melhor
vem da névoa saindo
a promessa anterior
Quando avistei ao longe o mar
ali fiquei
parada a olhar
Sim, eu canto a vontade
canto o teu despertar
e abraçando a saudade
canto o tempo a passar (...)
Thursday, July 06, 2006
Wednesday, July 05, 2006
Mariza
Para a Rita (quando ela um dia vir isto).
Em memória das noites do "não se faz nada" acabadas em Belém ao som de Mariza =) qualquer dia estamos em Los Angeles (mas para ela nos ver a nós, óbvio).
Tuesday, July 04, 2006
Monday, July 03, 2006
Sunday, July 02, 2006

Há coisas que só existem quando se completam, e que só então dão a felicidade que se procurava nelas!
Assim dizia o amigo Carlos da Maia, n`Os Maias, e é isso que acontece entre nós. Por isso vai custar tanto a tua partida, por isso está já a custar... Ok, prometo que tento não transformar este canto num sítio lamechas. Até porque se fizer força, fechar os olhos, e lembrar-me de ti, só consigo sorrir. És luz.
Escolhi esta foto para nos apresentarmos. É verdade, somos nós as donas do Nome do Blog é =) da esquerda para a direita temos: a Cláu (a tal, que nos vai deixar e que eu fecho os olhos e não sei quê da luz, ya essa; depois eu, com o flash no meio dos óculos; e depois a super xoné Rita que, comigo, vai sentir falta destas noites a três no Palpita-me... Beijo grande às duas. E a mim, já agora.
Saturday, July 01, 2006
FsB
Por se conhecerem tão bem, ou por puro conformismo, qualquer coisa serve...pois que o "qualquer coisa" não aparece... É depois de muito pensar (ou, devo dizer, depois de o silêncio falar demasiado) que o nome surge...e não podia ser mais original, afinal o importante é a vontade que temos, dentro de nós, de criar, modificar e perpetuar alguma coisa.
A vontade estava cá, e o "alguma coisa" há muito que existe.
[Nota da tradutora: FsB - FriendshipBlog, LOL]
Kiss